Estou a falar de Lisboa. Estou a falar do Metropolitano. Aconteceu ontem. Vi-o mais uma vez. Vou chamar-lhe Nuno. Pode ou não, ser o seu verdadeiro nome. Quem, alguma vez o não viu já? Anda a mendigar. Toca num acordeão, sobre o qual vem um pequenino cão, com um recipiente na boca. Recipiente esse, feito do fundo duma garrafa de plástico, suspenso por um arame. Outro igual, preso ao acordeão. Dois e não um único, talvez porque o peso das moedas, pode ser demasiado grande para as forças do cãozinho e isso poderia inibir a adesão dos possíveis benfeitores. Há anos que esta cena se repete. Agora o Nuno será um jovem, talvez a rondar os 20 anos, mas quando tinha 10 ou 12 já o fazia da mesma maneira. Houve a intervenção de organismos como a Segurança Social e a Justiça mas nada resolveram…
Medito, sobre o jovem que foi uma criança forçada a fazer aquilo e que hoje o faz de livre vontade, em vez de ter seguido outro caminho que lhe trouxesse uma autonomia digna, conquistada pelo seu trabalho e capacidades. Penso também no pobre cão, forçado àquela posição durante horas, carregando com as moedas. Será o mesmo cão, ou será outro? Se é o mesmo, estará com muita idade. É possível que seja outro, amestrado da mesma forma.
Penso ainda, naqueles que sorriem à situação e abrem a bolsa. Ontem, uma criança ficou maravilhada com o que viu e o pai desembolsou uma moeda. Havia outras moedas nos dois utensílios de recolha. Pareceu-me que aquele estratagema surte mais efeito, do que outros que observo no mesmo meio de transporte.
Penso sobretudo que enquanto os destinatários daquele e doutros espectáculos, virem só o engraçado, e o falsamente terno de cada quadro e ignorarem o que estará por detrás, imediatamente perceptível ou até imaginado, a situação não mudará para os Nunos que escolhendo o caminho mais fácil, se ficam pelas vias da mendicidade e doutros comportamentos associados.
A todos cabe um papel importante no banir de tais situações, não as viabilizando ao embarcar nelas…
Medito, sobre o jovem que foi uma criança forçada a fazer aquilo e que hoje o faz de livre vontade, em vez de ter seguido outro caminho que lhe trouxesse uma autonomia digna, conquistada pelo seu trabalho e capacidades. Penso também no pobre cão, forçado àquela posição durante horas, carregando com as moedas. Será o mesmo cão, ou será outro? Se é o mesmo, estará com muita idade. É possível que seja outro, amestrado da mesma forma.
Penso ainda, naqueles que sorriem à situação e abrem a bolsa. Ontem, uma criança ficou maravilhada com o que viu e o pai desembolsou uma moeda. Havia outras moedas nos dois utensílios de recolha. Pareceu-me que aquele estratagema surte mais efeito, do que outros que observo no mesmo meio de transporte.
Penso sobretudo que enquanto os destinatários daquele e doutros espectáculos, virem só o engraçado, e o falsamente terno de cada quadro e ignorarem o que estará por detrás, imediatamente perceptível ou até imaginado, a situação não mudará para os Nunos que escolhendo o caminho mais fácil, se ficam pelas vias da mendicidade e doutros comportamentos associados.
A todos cabe um papel importante no banir de tais situações, não as viabilizando ao embarcar nelas…
Dezembro de 2009
Jesus Varela