sexta-feira, 19 de março de 2010

UMA VISITA A ALENQUER

Chegados a Alenquer parámos na zona baixa da vila, num largo, junto a uma ponte que atravessa o rio. Local privilegiado, para admirar a beleza natural desta vila presépio, como muitas vezes é chamada. O velho casario eleva-se pelos alcantilados das colinas circundantes, numa beleza quase mágica, com as últimas casas lá no cimo, envoltas em ténue nevoeiro, parecendo suspensas.

Começámos por visitar o Museu João Mário, com um vasto espólio, onde abundam recordações de todo o tipo, ligadas à vida do pintor e sobretudo uma vasta colecção de obras de arte, esculturas e pinturas, algumas da sua autoria e outras, de diversos e consagrados artistas portugueses e estrangeiros, alguns deles, seus amigos. É uma vida que ali está documentada e ilustrada com histórias curiosas e comoventes, algumas das quais, nos foram narradas pelo próprio João Mário, enquanto nos guiava na visita ao museu, no que manifestou uma simpatia e disponibilidade absolutas, tornando esta visita um momento muito especial, do passeio a Alenquer.

O Pároco da vila foi igualmente um guia bastante disponível, que nos contou alguns factos da história de Alenquer para nos enquadrar nas visitas seguintes. Primeiro, a uma igreja, onde em capela própria, se encontra o túmulo de Damião de Góis. Podem aí ser observadas duas pedras, com brasão e inscrições, bem como uma laje tumular, sobre a qual jazem os restos mortais do eminente cronista português.

De seguida, através dum pitoresco percurso por ruelas empedradas que serpenteiam a colina, chegámos à Igreja de S. Francisco, donde pudemos contemplar mais uma deslumbrante vista da vila.

A Igreja de S. Francisco, embora date da época medieval, foi sofrendo várias intervenções ao longo dos tempos, resultando o grosso do edifício actual, duma reconstrução pós terramoto de 1755. No decurso do Século XX, a sua deterioração era substancial, tendo-se vindo a verificar obras de restauro desde há vários anos. Esta igreja tem algumas obras de arte que vale a pena assinalar, tais como: altares de talha policromada, dos finais do século XVIII; uma pia baptismal quinhentista; alguns quadros e imagens importantes, como a virgem do capítulo de características góticas.

Alenquer foi conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques. No reinado de D. Sancho I a vila foi doada a D. Sancha, filha do rei, passando desde então a pertencer à casa das rainhas. Por esse motivo, encontra-se ligada a alguns episódios e figuras da história de Portugal.
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Quando iniciamos o regresso, rumo à Praia Azul, vínhamos encantados com a simpatia das pessoas de Alenquer com quem contactámos e com o que da vila vimos e soubemos. Ficou-nos o desejo de voltar.

Fevereiro de 2008
Jesus Varela

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